domingo, 15 de maio de 2011
Lectio Divina
A “Lectio Divina” é uma expressão latina já presente e consagrada no vocabulário católico, que pode ser traduzida como “leitura divina”, “leitura espiritual”, ou ainda como ocorre hoje em nosso país e em vários escritos atuais, como “leitura orante da Bíblia”. Ela é um alimento necessário para a nossa vida espiritual. A partir deste exercício, conscientes do plano de Deus e a Sua vontade, pode-se produzir os frutos espirituais necessários para a salvação. A Lectio Divina é deixar-se envolver pelo plano da Salvação de Deus. Os princípios da Lectio Divina foram expressos por volta do ano 220 e praticados por monges católicos, especialmente as regras monásticas dos santos: Pacômio, Agostinho, Basílio e Bento. O tempo diário dedicado à lectio divina sempre foi grande e no melhor momento do dia. A espiritualidade monástica sempre foi bíblica e litúrgica. A sistematização do método da lectio divina nós encontramos nos escritos de Guigo, o Cartucho, por volta do século XII.
A Lectio Divina tradicionalmente é uma oração individual, porém, pode-se fazê-la em grupo. O importante é rezar com a Palavra de Deus, lembrando o que dizem os bispos no Concílio Vaticano II, relembrando a mais antiga tradição católica – que conhecer a Sagrada Escritura é conhecer o próprio Cristo. Monges diziam que a Lectio Divina é a escada espiritual dos monges, mas é também de todo o cristão. O Papa Bento XVI fez a seguinte observação num discurso de 2005: “Eu gostaria, em especial, recordar e recomendar a antiga tradição da Lectio Divina, a leitura assídua da Sagrada Escritura, acompanhada da oração que traz um diálogo íntimo em que na leitura, se escuta Deus que fala e, rezando, responde-lhe com confiança a abertura do coração”.
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O Concílio Vaticano II, em seu decreto Dei Verbum 25, ratificou e promoveu, com todo o peso de sua autoridade, a restauração da Lectio Divina, retomando essa antiqüíssima tradição da Igreja Católica. O Concílio exorta igualmente, com ardor e insistência, a todos os fiéis cristãos, especialmente aos religiosos, que, pela freqüente leitura das divinas Escrituras, alcancem esse bem supremo: o conhecimento de Jesus Cristo (Fl 3,8). Porquanto, “ignorar as Escrituras é ignorar a Cristo” (São Jerônimo, Comm. In Is., prol).
O método mais antigo e que inspirou outros mais recentes, é que, seja pessoalmente, em comunidade ou no círculo bíblico nós comecemos a reflexão com a Palavra de Deus e que, depois da invocação do Espírito Santo, segue os passos tradicionais: 1- Lectio (Leitura); 2- Meditatio (Meditação); 3- Oratio (Oração) e 4- Contemplatio (Contemplação). Existem outros métodos que, inspirados aqui, procuram ajudar o cristão a acolher em sua vida a Palavra de Deus e a colocar em prática no seu dia a dia. Em nossa 48ª Assembleia dos Bispos do Brasil, celebrada em Brasília de 3 a 13 de maio último, além de tratar como tema central a “Palavra de Deus”, proporcionou aos Bispos, na manhã do domingo, dia 9, um tempo para lerem, meditarem e rezarem com esse método. A mensagem que foi publicada sobre o tema central está baseada justamente nesse clima. Chegou o momento de passarmos a colocar em nossos grupos de reflexão, círculos bíblicos e outros grupos a Palavra de Deus como fonte de reflexão e inspiração para iluminar a nossa realidade concreta.
Dom Orani João Tempesta,
(Arcebispo de São Sebastião do Rio de Janeiro)
segunda-feira, 9 de maio de 2011
Somente em Deus, o homem encontra verdadeira alegria, diz Papa
"Gratidão e alegria são os sentimentos que caracterizam este nosso encontro, que se realiza nesse espaço sagrado, repleto de arte e memória, da Basílica de São Marcos, onde a fé e a criatividade humana deram origem a uma eloquente catequese de imagens. Este templo é imagem e símbolo da Igreja de pedras vivas, que são vocês, cristãos de Veneza" – frisou o Papa.
Comentando o versículo do Evangelho de São Mateus em que Jesus convida Zaqueu, que era chefe dos cobradores de impostos, a descer depressa, pois hoje ele ficaria em sua casa, o Pontífice sublinhou que "a verdadeira realização do ser humano e sua alegria não se encontram no poder, no sucesso, no dinheiro, mas somente em Deus, que Jesus Cristo nos revelou". Zaqueu acolheu Jesus, encontrou a plenitude da vida e a felicidade.
"Querida Igreja em Veneza! Imite o exemplo de Zaqueu e vai além! Supere e ajude o homem de hoje a vencer os obstáculos do individualismo e do relativismo. Não tenha medo de ir contra a corrente a fim de encontrar Jesus. Avance confiante no caminho da nova evangelização, no serviço dedicado aos pobres e no testemunho corajoso dentro das realidades sociais. Você é portadora de uma mensagem que é para cada pessoa, uma mensagem de fé, esperança e caridade", ressaltou Bento XVI.
O Papa convidou os fiéis a não pouparem energias no anúncio do Evangelho e na educação cristã. "Queridos amigos, a missão da Igreja dá fruto porque Cristo está realmente presente no meio de nós, de maneira particular na Eucaristia. A comunhão com o Senhor é também comunhão com os outros", sublinhou o Pontífice.
"Da Eucaristia, fonte inexaurível do amor divino, vocês poderão extrair a energia necessária para levar Cristo aos outros e os outros a Cristo, e serem cotidianamente testemunhas da caridade e da solidariedade, e partilhar os seus bens com os irmãos necessitados", concluiu o Papa.