domingo, 29 de agosto de 2010

O mundo de dentro do jovem

Daniele Costa e Lisieux Rocha

Atualmente, os jovens de uma forma geral conhecem a Internet; sabem as músicas da parada de sucesso; as gírias do momento; as roupas que estão na moda; os artistas que estão em alta; e alguns poucos, ainda sabem acerca de cultura, política; dentre outros assuntos que permeiam as notícias mais em voga. Isso reflete a era da tecnologia, da modernidade, da rapidez, da competitividade; aspectos tão presentes no nosso cotidiano e que nos ordenam cada vez mais conhecimento atualizado e nos implicam em uma rotina de inúmeras exigências para sermos pessoas “ideais”; mas ideais segundo quem?

Infelizmente muitos jovens não sabem nem porque se submetem a certos imperativos do mercado; sejam no nível de atitudes ou de aquisição de bens de consumo; e o pior, não sabem nem distinguir suas verdadeiras preferências pessoais e se pedirmos para falarem de si ou dizerem quem são, não sabem responder ou dão respostas vazias. Os jovens se encontram tão imbuídos na realidade imposta; quer seja pela mídia, moda, sociedade capitalista; que lhes escapam o limiar entre o que originariamente são, acreditam e gostam; do que lhes é apresentado como bom, agradável, correto, e etc.

Ou seja, conhecem o mundo de fora, mas sabem muito pouco de si, não conhecem o mundo de dentro. É comum entre os jovens a dificuldade de expressão dos seus sentimentos, de dizerem o que se passa dentro deles. O dia ‘corre’ muito rápido, são muitos afazeres: escola, faculdade, família, reuniões, academia, televisão, computador; tudo isso faz com que não se tenha oportunidade para parar e encontrar as verdades existentes dentro de si; e a vida superficial é o caminho trilhado constantemente, o qual traduz uma resposta de uma vivência inautêntica. O reflexo disso são as pesquisas que demonstram a grande eclosão de casos de depressão, anorexia, bulimia, fobia, dentre outras patologias que acometem numerosa parcela da população mundial, inclusive entre os jovens.

As pessoas não “gastam” mais tempo com os outros, porque consideram ‘perca de tempo’. As relações interpessoais são hoje, na sua maioria, vazias e artificiais. Perde-se muito ao não conviver com as pessoas, e assim, poder revelar o grande mistério que é a vida do outro e a sua própria vida, que se expressa e se diz nos relacionamentos onde há caridade e doação de si, algumas dentre as características de uma amizade verdadeira. Considerando, que me conheço mais e contemplo a Deus no outro.

O desejo de Deus está inscrito no coração do homem, já que o homem é criado por Deus e para Deus; e Deus não cessa de atrair o homem a si, e somente em Deus o homem há de encontrar a verdade e a felicidade que não cessa de procurar. (Catecismo da Igreja Católica, 27).

Encontrar o mundo de dentro é encontrar o tesouro inesgotável da presença de Deus, daquele que pode saciar nossa sede de amor, e nos restituir a verdade de quem nós somos. O que nos torna pessoas autênticas e livres para testemunhar, em um mundo marcado pelo pecado, com a ousadia própria dos ungidos pelo Espírito Santo.

O fato de ser de Deus não castra nossa juventude, nem nos exime de desfrutarmos da beleza contida na obras da criação divina, pelo contrário, nos lança nos relacionamentos saudáveis, em uma vivência legítima. Ser um jovem de Deus é poder viver com intensidade, sendo livre verdadeiramente, podendo optar pelo bem e não se deixar escravizar pelo pecado, pelas paixões desordenadas e nem pelo simples prazer momentâneo, tão característico do pecado. Um jovem cristão vive livremente olhando para a eternidade, para o que não passa, espelhando-se no mistério do Relacionamento Trinitário.

Só Deus não muda, e é esse amor que nos motiva a dizermos não as ocasiões de pecado; é esse amor que nos faz levantar sempre; que nos leva a testemunhar concretamente a benevolência divina; que não nos faz desistir quando nos deparamos com nossas próprias fraquezas, que tantas vezes paralisam a nossa evangelização, a evangelização maior que manifesta-se através da nossa fidelidade a Deus.

Quando tivermos a coragem de encontrar Aquele que habita em nós e a humildade de sempre buscá-lO na oração, muitos O encontrarão na nossa maneira de ser. Já diz o salmo bíblico: Alegre-se o coração dos que buscam o Senhor. (Sl 5, 3).

Se o homem pode esquecer ou rejeitar a Deus, este de sua parte, não cessa de chamar todo homem a procurá-lo, para que viva e encontre a felicidade. Mas esta busca exige do homem todo o esforço de sua inteligência, a retidão de sua vontade, um coração reto e também o testemunho dos outros, que o ensinam a procurar a Deus.

Postagem enviado pelo Rodrigo (Shalom)

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